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Escrito por Wallace França | Editor Douglas Cavalcante

Estudo realiza mapeamento de áreas seguras e inseguras para crianças no Fundão do Ipiranga

A UNAS por meio dos projetos Violência Aqui Não Entra Não e Observatório De Olho na Quebrada, promoveram um importante processo de pesquisa e mapeamento do território conhecido como “Fundão do Ipiranga” onde estão localizados os bairros Jardim São Savério, Jardim Maria Estela, Água Funda e Boqueirão.

O objetivo desse estudo foi justamente coletar dados e informações que demonstram a escassez de espaços seguros de lazer, cultura, educação e de demais equipamentos públicos nessas regiões, que afetam diretamente uma população de cerca de 48 mil pessoas que ali habitam. A partir desse estudo, foi elaborado o relatório Quebrada Segura para Criançasque traz uma importante fonte de relatos das próprias crianças na identificação desses locais, como também um levantamento geográfico, perfil demográfico, mapeamento dos equipamentos públicos, compilando e cruzando esses dados, possibilitando assim o início de uma grande discussão da sociedade civil para reinvindicação por políticas públicas para esses territórios.


O Projeto Violência Aqui Não entra Não trabalha na prevenção de violências contra crianças e adolescentes e também na reparação e ressignificação dos traumas gerados por esse ciclo. Nos primeiros cinco anos do projeto, as atividades estavam voltadas no contato direto com os atendidos dos CCA’s - Centros para Crianças e Adolescentes e suas famílias. Agora em sua segunda fase o projeto inseriu um processo de ampliação dessa atuação visando estratégias para que o território e o entorno onde essas famílias estão inseridas, podendo também colaborar na proteção e segurança contra as possíveis violências geradas por esses locais como destaca Ariane Carla Santana, coordenadora do projeto. “Idealizamos trabalhar a questão do levantamento e estudo dos espaços inseguros, pensando que na primeira fase atuamos diretamente com as crianças, adolescentes e suas famílias, fomos desafiadas a pensar nessa ampliação, como o Projeto VANEN poderia contribuir ainda mais para garantia dos direitos dos nossos atendidos. A resposta foi justamente criar estratégias dentro do nosso planejamento para atingir a comunidade e os territórios que compõe as quatros regiões que desenvolvemos nossas atividades, estudando e mapeando dados através da atividade chamada “Espaços Seguros”, pensando nos períodos que os equipamentos públicos (CCA’s e Escolas) e demais serviços estão fechados, quando uma situação de risco ou desproteção acontece, onde essas crianças e famílias podem pedir ajuda ou orientação. Assim surge a ideia de destacar cinco locais seguros em cada território próximos dos CCA’s de referência, carimbando esses locais como espaços seguros para ampla divulgação na comunidade.”


Para que esse estudo pudesse estar em sintonia com a realidade dos moradores dos territórios pesquisados, os dois projetos envolvidos realizaram uma grande atividade que envolveu cerca de 250 crianças e adolescentes que participam dos CCA’s Aziz Ab’Saber, Izaura, Georgina e Plácido de Filho para elaboração dos mapas afetivos com o objetivo de compreender, pela ótica dessas crianças, a relação com os territórios e suas vulnerabilidades como nos conta Lara Manuela Aguiar das Graças, Assistente Social do Projeto Violência Aqui Não Entra Não. “O trabalho do mapa afetivo começa com um período de formação através de diversos encontros com os pesquisadores do Observatório de Olho na Quebrada e com os representantes dos quatro CCA’s que atuamos chamados Jovens Pesquisadores, para que todos os atores desse processo estivessem alinhados do que é o projeto VANEN, quais são os nossos objetivos, como atuamos na prática e como aplicar a oficina dos mapas afetivos. A partir dessa etapa iniciamos a execução das atividades dentro dos projetos onde o maior objetivo foi extrair pelo olhar e perspectiva das crianças, quais são os locais seguros dos territórios. Nesse processo muitas respostas dadas são conflitantes como por exemplo espaços considerados seguros pela manhã e não mais pela tarde e noite. O período das formações e aplicação das oficinas durou cerca de seis meses sendo possível inclusive aplicar essa atividade com as famílias promovendo essa reflexão de maneira mais ampla.”


Paralelo a identificação desses locais com os mapas afetivos, ficou a cargo do Projeto De Olho da Quebrada, de acordo com sua expertise como coletivo que atua na coleta de dados e pesquisas quantitativas e qualitativas sobre temas dos territórios, buscar números e dados oficiais da violência nesses territórios, o que foi algo muito difícil mesmo recorrendo aos portais de transparência, dados do Disque 100 e das demais fontes de informação, deflagrando a subnotificação dos dados e das denúncias da violência nessas regiões.

“O desafio foi bem grande na realização dessa coleta de informações pela falta de dados oficiais e até mesmo por que fomos provocados a multiplicar nossa formação com os novos pesquisadores. Tivemos a chance de conhecer novos territórios pela perspectiva de quem mora na região, o que foi muito bacana por que aprendemos com eles sobre cartografia, aplicando os mapas afetivos e recebendo o retorno diretamente das crianças de como elas reconhecem o local onde moram mesmo se tratando de um tema ainda muito sensível que é a segurança pública.” Raphael Silvestre Barros (19), pesquisador do Observatório De Olho na Quebrada.

“O grande desafio para tabulaç