Projeto em Heliópolis combate o machismo
Um dos mais novos projetos da UNAS chama-se MUDEM que significa Minas e Manos Unidos Desconstruindo o Machismo. Esse projeto foi desenhado e estruturado dentro do Movimento de Mulheres de Heliópolis sendo fruto das discussões das assembleias e plenárias como um importante instrumento do combate ao machismo estrutural.
O objetivo do MUDEM é atuar na Favela de Heliópolis e nas comunidades do entorno, na formação de jovens transformando-os em multiplicadores, promovendo debates, rodas de conversas e ações nos projetos sociais, escolas e serviços públicos, a fim de incidir politicamente na prevenção da violência contra mulheres e também na desconstrução da lógica machista e patriarcal desde a fase juvenil.
Priscila da Silva Amaral (36) está na UNAS há 8 anos onde já foi recepcionista e hoje coordenadora do Projeto Minas e Manos Unidos Desconstruindo o Machismo. Ela destaca como foi concebido o projeto e quais são os principais objetivos. “Quando surgiu o convite para compor a coordenação do projeto aceitei no mesmo momento. Sou coordenadora do Movimento de Mulheres onde o projeto foi escrito e estruturado. Me identifiquei muito com a proposta e logo que o financiamento foi aprovado, iniciamos o processo de nucleação do MUDEM. O grande objetivo é que os adolescentes e jovens convivam de maneira respeitosa, não aceitando a violência, principalmente a violência de gênero através de uma formação que parte de jovem para outros jovens, com sua linguagem própria, multiplicando esse conteúdo em diversos locais que eles frequentam como nas Escolas, Centro para Crianças e Adolescentes, Bailes e também nas oficinas propostas por eles, conversando entre si e se entendendo, buscando alcançar o objetivo do projeto.”
A execução do projeto foi possível pelo financiamento e parceria com a organização social alemã Kindernothilfe que também financia o projeto VANEN (Violência Aqui Não Entra Não!). Os dois projetos estão inseridos no Centro Popular Dona Antônia, localizado na Rua Juntas Provisórias nº 1623 em Heliópolis, que marca também uma presença territorial do entorno, aproximando a comunidade desse importante espaço de convivência.
Erika Rodrigues (31), Educadora do projeto, acompanha diretamente os jovens multiplicadores e nos conta como foi o processo de seleção e formação desse time de adolescentes. “No dia da seleção eles chegaram muito tímidos, com muita vergonha de falar até o nome. Durante o processo de formação, que durou cerca de três meses, eles se soltaram muito rápido. Proporcionamos um ambiente de confiança, despertando intimidade através do vínculo e de muitas conversas. Está sendo um processo muito legal por que acompanhamos essa evolução de perto, levantando temas que dificilmente um adolescente abordaria com outras pessoas. Eles também levam os conteúdos que aprenderam aqui no projeto e multiplicam na sua casa, com os colegas e na comunidade.”
O projeto também possibilitou ser o primeiro emprego de todos os jovens multiplicadores, onde compõem a equipe junto a psicóloga, educadora, gestão e operacional, desmistificando que a participação deles é como profissionais e não como atendidos.
Empolgação e ansiedade para a divulgação e início das oficinas, marcam o atual sentimento do grupo como nos relata Graziely da Silva (17) que destaca quais impactos que essa experiência já está influenciando sua trajetória profissional e os reflexos na vida pessoal. “Tive acesso ao processo das vagas através de uma prima que me indicou. Fiz a minha inscrição e fui chamada para a entrevista. Estava muito nervosa, mas quando começou a dinâmica e os temas foram surgindo fui me acalmando por que já conhecia os temas discutidos como aborto, redução da maioridade penal, machismo e desigualdade de gênero. Passei na seleção e estou muito feliz em poder discutir e multiplicar temas tão relevantes. Juntei o útil ao agradável. Por muitas vezes sou vítima do machismo, pela roupa que estou usando ou até mesmo pelo corpo que tenho, sendo julgada por outras meninas. Aqui me sinto acolhida sendo quem eu sou e é isso que faz toda diferença. Aprender cada vez mais está sendo incrível como por exemplo conhecer mais sobre a origem da Lei Maria da Penha e sua história. Estamos ansiosos para multiplicar, é tudo muito novo, mas tenho a certeza que o conhecimento já temos, agora é colocar em prática. Estou me sentindo muito responsável por que tenho meu salário e é gratificante falar comprei meu celular, minhas roupas com o meu dinheiro. Minha jornada acadêmica está sendo impactada, faço Técnico em Nutrição na ETEC e agora com o projeto quero voltar meus estudos para área de Educação."
Caso você tenha interesse em receber a equipe do Projeto MUDEM em escolas, espaços públicos ou projetos sociais, entrem em contato através do e-mail mudem.unas@gmail.com e também no programa mensal pela Rádio Comunitária de Heliópolis pela frequência 87,5 ou pelo site www.heliopolisfm.com.br.