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Diagnóstico Territorial busca evidenciar desafios e oportunidades em Heliópolis

  • Escrito por Marcela Muniz | Editor Douglas Cavalcante
  • há 23 horas
  • 4 min de leitura

Metodologia colaborativa da pesquisa escuta ativamente as percepções da população sobre a realidade da favela


Com cerca de 1 milhão de metros quadrados, localizada na zona sul de São Paulo, Heliópolis é considerada a maior favela da capital. Estima-se uma quantidade de 200 mil habitantes no território. No entanto, os dados oficiais contrapõem o seu título no estado: em 2022, o Censo do IBGE apontou o número de apenas 55.583 moradores na favela paulistana. A fim de traduzir a realidade de Heliópolis, a UNAS implementou o Projeto Diagnóstico Colaborativo Territorial, que coletou dados em toda a comunidade nos últimos meses.



O Diagnóstico Colaborativo é um projeto participativo de mapeamento que busca compreender e melhorar as condições de vida na comunidade, a partir da escuta dos moradores. O projeto faz parte de uma linha chamada Urbanismo Social, que trabalha questões da cidade e da infraestrutura urbana, especialmente em áreas periféricas mais vulneráveis. Bruno de Holanda, 20, coordenador da pesquisa, compara o funcionamento do projeto com o trabalho de um médico: “Assim como ele examina o corpo de uma pessoa, o diagnóstico examina o corpo de um lugar [Heliópolis, neste caso], identificando o que funciona bem e onde estão os problemas”.




Processo colaborativo com escuta ativa


Considerando os desafios enfrentados para obter dados demográficos de Heliópolis, como a metodologia utilizada por órgãos governamentais e o acesso limitado à serviços públicos (responsáveis pelo registro de informações), o projeto busca realizar este exame junto com a população. Por isso, o diagnóstico é considerado “colaborativo”, valorizando a percepção e o conhecimento dos moradores sobre o próprio território.


Maria Aparecida dos Santos, 55, moradora de Heliópolis que respondeu à pesquisa, relatou que se sentiu ouvida durante o processo. Além disso, ela relacionou a importância do projeto com o espaço estabelecido para conversa entre os moradores e os pesquisadores: “As perguntas abordaram assuntos que a maioria das pesquisas não abordam, assim as pessoas puderam conversar ativamente com os pesquisadores e expor as suas sugestões de melhorias, não somente respondendo aquele questionário ‘sim’, ‘não’ e ‘talvez’.”


Diversidade territorial


Com o objetivo de mapear as principais necessidades de Heliópolis e servir como base para a reivindicação de melhorias e políticas públicas, o projeto levantou dados a partir de 10 eixos temáticos principais: participação social, educação, saúde, lazer, meio ambiente, empregabilidade, mobilidade, infraestrutura, moradia e segurança pública. Para compreender a diversidade do território de forma efetiva, a metodologia para a coleta de dados considerou a divisão já existente de Heliópolis em 8 núcleos.


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Bruno ressaltou que um dos dados mais relevantes obtidos através da pesquisa têm relação com a infraestrutura: “Identificamos que em todos os núcleos, pelo menos uma vez, houve caso de poste que pegou fogo, o que é um sinal de que a rede elétrica não está funcionando bem”. Além disso, o diagnóstico também explorou informações referente à evasão escolar, que aparece como um desafio da comunidade: “Vimos que muitos alunos não se sentem acompanhados, o que compromete a lógica do Bairro Educador, que é um equipamento alimentando o outro para educar as pessoas.”


Divisão de fases do projeto


O Diagnóstico do território foi dividido em três estágios principais de coleta de dados. Inicialmente, a equipe aplicou um formulário composto por 65 perguntas quantitativas sobre os 10 eixos definidos, entrevistando 395 moradores. Em seguida, o projeto formou grupos focais para oficinas de mapeamento, promovendo discussões coletivas sobre dois temas por vez, com cerca de 30 participantes por grupo, para obter dados qualitativos. Por fim, foram realizados mapeamentos participativos com os atendidos nos 11 CCAs (Centros para Crianças e Adolescentes) e 17 salas de aulas do MOVA (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos) gerenciados pela UNAS, identificando problemas e pontos importantes no território. Os dados também foram cruzados com informações produzidas pela Prefeitura e por pesquisas anteriores de outros projetos da UNAS, como o Observatório De Olho na Quebrada.



Para Bruno, um dos destaques do processo foi trocar experiências com as crianças e adolescentes durante as oficinas com os mapas: “A melhor parte foi explorar a visão deles sobre o território em que vivem e despertar a reflexão sobre onde estão e o que estão vivendo”. Este trabalho nos CCAs possibilitou o fortalecimento do sentimento de pertencimento local.


O projeto foi constituído integralmente a partir de etapas, contando com a formação dos pesquisadores antecedendo as pesquisas de campo, preparando os integrantes da equipe para a coleta de dados com os moradores. Atualmente, o Diagnóstico Colaborativo Territorial está em processo de análise dos dados obtidos, a fim de organizar as informações para a produção de um documento que expõe os resultados gerados. Ao final do projeto, as informações do diagnóstico realizado sobre o território serão compartilhadas através de uma cartilha, a fim de influenciar políticas públicas e fortalecer o conhecimento dos moradores sobre a realidade de Heliópolis.


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Bruno relatou que, pessoalmente, tem uma visão de que “Heliópolis é como um recorte da cidade de São Paulo e, talvez, um recorte do que acontece em questão de periferia dentro do Brasil”. A perspectiva evidencia que o trabalho do projeto vai além de compreender apenas uma comunidade: os dados podem refletir os desafios e as dinâmicas que se repetem em muitas periferias urbanas do país. Desta forma, o Diagnóstico de Heliópolis funciona como um espelho das desigualdades e das potências das grandes cidades brasileiras.

O Diagnóstico Territorial Colaborativo é uma iniciativa idealizada e realizada pela UNAS, por meio de um termo de fomento com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Cidade de São Paulo.

Termo de Fomento N°. TFM/203/2024/SMDHC/DEDH

 
 
 

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