UNAS inicia projeto de Ginástica Rítmica para jovens em Heliópolis
- Escrito por Marcela Muniz | Editor Douglas Cavalcante
- há 20 minutos
- 4 min de leitura
Iniciativa tem como objetivo enfrentar a escassez de modalidades esportivas no território e inserir a ginástica na realidade local
O artigo 4 do Estatuto da Criança e do Adolescente reconhece o esporte como um dos direitos referentes à vida. Além disso, o ECA também define que é dever da comunidade assegurá-lo à população infanto-juvenil. Partindo deste ponto, a UNAS está implementando o projeto “Ginástica Rítmica: alcançando sonhos por meio do esporte”, na favela de Heliópolis, viabilizado por meio da Lei Federal de Incentivo ao Esporte, com apoio da CSN e da TAM Aviação Executiva.
A fim de democratizar o acesso ao esporte de qualidade na maior favela de São Paulo, através da modalidade de Ginástica Rítmica, o projeto busca atender 150 crianças e adolescentes. A iniciativa visa alcançar o desenvolvimento integral, individual e coletivo dos participantes, promovendo o trabalho em equipe e comunitário.

Metodologia respeita o ritmo das crianças
A Ginástica Rítmica passou a ser praticada, inicialmente, na Europa, quando houve a elaboração de um sistema de exercícios, combinando o movimento físico com músicas. Atualmente, a modalidade pode ser descrita como uma mistura de balé e dança para expressão artística e corporal, utilizando cinco aparelhos: arco, bola, fita, maças e cordas.
Ruana Mendes, 26, educadora do projeto, expressou sobre o processo de ensinar a prática da ginástica rítmica para as crianças e os adolescentes no projeto: “É extremamente importante trabalhar com eles aos poucos, passo a passo, apresentando a dança, o ritmo e a técnica, além do contexto corporal, que muitas vezes eles não conhecem ainda”. A metodologia, que busca inserir o esporte na rotina deles gradativamente, respeita os limites dos jovens para que se sintam confortáveis e receptivos às aulas.

Através do projeto, serão atendidas crianças e adolescentes de 05 a 14 anos, em turmas segmentadas de acordo com a faixa etária. As aulas serão divididas em momentos de explicações aos alunos, a partir de rodas de conversa, exercícios de aquecimento e prática da modalidade, encerrando com uma conversa entre os alunos e as professoras.
Esporte como ferramenta de transformação social
A implementação do projeto em um território de vulnerabilidade social, como Heliópolis, atende à necessidade urgente da prática esportiva entre adolescentes periféricos, que são constantemente marginalizados da sociedade. “A prática de esporte ajuda a dar uma nova direção para essas crianças e trazer o foco delas para outra coisa que não seja violência", destacou Ruana.
Ao oferecer o esporte como uma ferramenta de inclusão social, o projeto “Ginástica Rítmica: alcançando sonhos por meio do esporte” proporcionará aos jovens uma melhora na sua qualidade de vida e o fortalecimento de laços comunitários, contribuindo para a redução da violência no ambiente em que vivem. Desta forma, o esporte se torna um caminho para a igualdade e para a cidadania.
Ampliando horizontes esportivos na favela
Ruana aponta que a importância da realização do projeto surge a partir do fato de que a modalidade é pouco disseminada no território. A professora relaciona a realidade periférica com o acesso escasso ao esporte: “As crianças que têm uma condição financeira melhor, têm acesso à escolas particulares e conseguem encontrar uma grande gama de esporte, cultura e arte, enquanto as crianças que vivem em periferias não têm acesso, e isso não alcança elas. Então, este projeto serve para alcançar essas crianças”.
É possível associar a pequena presença da Ginástica Rítmica em Heliópolis, além de outros esportes, à oferta restrita e centralizada do futebol. “Hoje, na favela, nos deparamos muito com o discurso de que, para um jovem conseguir ter sucesso no futuro, o único caminho é ser jogador de futebol. As próprias crianças falam isso para nós”, relatou Ruana sobre a visão que os jovens que vivem na periferia têm sobre o esporte.
Desta forma, o projeto também surge para despertar o interesse das crianças e dos adolescentes sobre a modalidade e expandir os seus horizontes sobre a prática esportiva. A educadora expressou que é importante que eles passem a “pensar em outro tipo de esporte que não seja só o futebol”.
A ginástica rítmica passou a integrar os jogos olímpicos a partir da edição realizada em Los Angeles, em 1984, podendo ser disputada individualmente ou em equipes. No mês de agosto deste ano, a equipe brasileira inscrita no Campeonato Mundial de Ginástica Rítmica conquistou uma medalha de prata histórica, sendo o primeiro país das Américas a obter uma medalha em Mundiais da modalidade.
O destaque deste esporte internacionalmente reforça a importância de incentivar a prática desde a base. Por isso, apesar do projeto realizar, principalmente, uma iniciação no esporte, Ruana também apontou as possibilidades de visualizá-lo como uma possibilidade de profissão: “Vamos mostrar que há outros caminhos no esporte que podem ser seguidos, ainda que ele não se transforme em um desportista no futuro”, completou.
Para mais informações sobre o projeto, entre em contato com ginasticaritmica@unas.org.br





































Comentários