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Escrito por Wallace França

UNAS realiza premiação para projetos de Justiça Restaurativa que atuam dentro do Estado de São Paulo

Na última sexta-feira, dia 22 de novembro, aconteceu na Quadra da UNAS, o evento Prêmio Liz Elliott de Justiça Restaurativa, compondo as atividades da Semana da Justiça Restaurativa 2024. Essa primeira edição do prêmio é uma iniciativa da UNAS Heliópolis e Região, com o apoio e parceria de muitas outras pessoas e organizações que também atuam diretamente com as práticas restaurativas no Brasil e também fora do país.





A Justiça Restaurativa teve início no ano de 2005, em Brasília, Rio Grande do Sul e São Caetano do Sul, e logo no ano seguinte, essas iniciativas chegaram até o Heliópolis. O prêmio homenageia a professora Elizabeth Elliott, conhecida como Liz, que esteve aqui no território em agosto de 2010 para conhecer o trabalho da Justiça Restaurativa realizado aqui na UNAS, onde ela teve acesso aos impactos das práticas na realidade da maior favela de São Paulo.


O principal objetivo do prêmio é destacar e reconhecer os trabalhos realizados em torno de ações e projetos em prol da Cultura de Paz no Estado de São Paulo, bem como, uma simbólica homenagem para Liz Elliott, que faleceu, mas deixou um importante legado, enxergando neste campo do conhecimento, uma possibilidade de Justiça direcionada ao fortalecimento das relações com outros seres humanos e com o meio ambiente, alinhada a uma ideia de responsabilidade coletiva.





O lançamento das inscrições para o prêmio aconteceu em agosto de 2024, e todos os projetos inscritos foram submetidos a uma avaliação de critérios, analisada por um júri técnico que pontuou cada uma das ações. A cerimônia de premiação contou com a participação de representantes dos projetos inscritos, integrantes dos projetos da UNAS, alunos e mentores do projeto de “Expansão da Justiça Restaurativa no Território de Heliópolis”, entre outros convidados que marcaram presença no evento.


No primeiro momento, Solanje Agda, diretora da UNAS e uma das juradas do prêmio, acolheu a todos com uma saudação, pontuando a importância do prêmio que evidência e reconhece os trabalhos de Justiça Restaurativa e que a muitos anos, tornou-se a base das práticas no território de Heliópolis. A abertura contou com uma apresentação artística do Centro para Criança e Adolescente – CCA Heliópolis, que trouxe como enredo e reflexão, a “Morte dos Sonhos”, uma representação dos impactos negativos do não pertencimento à cidade e os aspectos positivos que partem de ações afirmativas de organizações como a UNAS, como destaca Gilmar Pereira, Educador Social do projeto.


“Essa apresentação foi preparada para o Festival Helipa Music e falamos da morte e também da vida. Falamos da morte dos sonhos que é o que a cidade faz com a periferia, tentando constantemente matar a gente e os nossos sonhos, só que encontramos sempre uma maneira de manter vivos os sonhos da comunidade assim como o trabalho da UNAS que é luta e resistência e luta pela vida dos sonhos desse território.”



Em seguida, o juiz Egberto de Almeida Penido, integrante do Grupo Gestor da Justiça Restaurativa do Tribunal de Justiça de São Paulo, explicou como o prêmio e todos os trabalhos relacionadas a Justiça Restaurativa, são importantes para combater as injustiças e como essa questão precisa atravessar as diversas instâncias, motivando um trabalho conjunto, sério e comprometido.


“Hoje é um dia muito especial, sempre que eu estou em Heliópolis é muito especial. A história da Justiça Restaurativa tem muito a ver com esse território. Foi aqui que a gente compreendeu a potência da Justiça Restaurativa, porque quando falando dessas práticas, estamos falando em como transformar uma situação de injustiça em justiça. Como cada um e cada uma vai cuidar um do outro, fazendo isso olho no olho e não olho por olho. É um trabalho de firmeza, ninguém vai passar a mão na cabeça de ninguém. A boa notícia é que tem muita gente fazendo isso, temos histórias belíssimas nesse território, de potência e de transformação no diálogo. Vamos entender o que o ocorreu, vamos entender as consequências disso, vamos entender quem contribuiu direta ou diretamente, qual a participação da família, da sociedade, a omissão do Estado, colocando todos na roda. E hoje estamos aqui celebrando mais uma etapa dessa jornada onde a comunidade junto com a educação, junto com o sistema de justiça, junto com a saúde, junto com assistência social, junto com o Conselho Tutelar, junto com várias instituições, e vamos chegar aonde precisamos chegar.”



Em seguida, foi possível conhecer um pouco mais sobre quem foi Liz Elliott, um momento muito importante de resgate de memória, onde o irmão da Liz, Peter Elliott e outros amigos dela, puderam contar mais sobre sua personalidade, suas características e principalmente como essa justa homenagem foi importante para todos que tiveram a alegria de conhecê-la.  

No segundo bloco da premiação, todos os presentes tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre cada projeto inscrito, um resumo das ações, público alvo, execução dos projetos e os principais destaques de cada um deles. Depois dessa apresentação, o momento tão aguardado chegou, a premiação do projeto vencedor.


O projeto Multiverso Restaurativo que foi desenvolvido em Santos/SP foi o grande vencedor.  Como uma resposta à vulnerabilidade social e econômica, o projeto utilizou a metodologia de Justiça Restaurativa para transformar narrativas de vida, focado na escuta ativa e no compartilhamento de histórias, promovendo inclusão e pertencimento em comunidades marginalizadas. Destacamos os demais projetos participantes na premiação: projeto Circulando na Rede, desenvolvido pelo Núcleo de Justiça Restaurativa de Barueri que busca fortalecer os laços institucionais e promoção da cultura de paz na comunidade e o Projeto Acole Escolas – Diálogos Inclusivos e Práticas Restaurativas, que promove práticas restaurativas como alternativa à justiça punitiva, visando restaurar relações interpessoais na escola e na comunidade, atuando no acolhimento emocional e gerenciamento de conflitos por meio de círculos temáticos e atividades de conscientização.



No último bloco do evento, aconteceu a formatura dos participantes dos cursos de formação do curso de “Introdução à Justiça Restaurativa” e “Facilitadores da Justiça Restaurativa”, cursos ofertados em parceria com a Diretoria de Ensino da região Centro-Sul do Estado de São Paulo. Um momento muito significativo, pois, demostra o processo de formação e de continuidade da atuação da Justiça Restaurativa nos projetos sociais da UNAS e também nas escolas que compõe a região centro-sul da capital da cidade. Sylvio Ayala e Túlio Pereira, dois dos participantes dos cursos, realizaram uma apresentação musical para o encerramento da premiação



A UNAS Heliópolis e Região, agradece a participação de todos os projetos inscritos e permanece com o espírito de esperançar por mais ações e projetos que estejam pautados para o combate das injustiças, potencializando escutas e transformando jornadas a partir da justiça.


“É preciso repensar nossos pressupostos sobre punição e justiça, colocando a ênfase em valores e relacionamentos. Se conseguirmos operar essa mudança, chegaremos a um grande potencial de erguer uma sociedade mais ética e democrática”. Elizabeth Elliott


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