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  • UNAS Heliópolis e Região

Famílias com menor renda são as mais impactadas pelo coronavírus em Heliópolis

Esse é o segundo resultado apresentado pelo Observatório De Olho na Quebrada e mostra que às famílias com menor renda são as mais prejudicadas pela pandemia do novo coronavírus. Ao menos 80% das famílias que vivem com até dois salários mínimos por mês, afirmam ter perdido renda nesse período.

 

Esse é o segundo resultado da pesquisa “Heliópolis contra o coronavírus”. O primeiro resultado pode ser acessado aqui. Os resultados apresentados até o momento são de extrema importância, pois não existem dados oficiais sobre o avanço e os impactos do coronavírus em nossa favela, bem como nos outros territórios periféricos.


O objetivo principal da pesquisa “Heliópolis contra o coronavírus” é compreender os impactos do coronavírus na vida das famílias de Heliópolis. Trata-se de um esforço importante para compreender as necessidades da população e prover informações consistentes. Nesse segundo resultado apresentamos os dados com recorte de renda, considerando as informações das famílias que vivem com até dois salários mínimos por mês.


A pesquisa foi realizada via formulário online, respeitando as orientações de isolamento social. No total obtivemos 514 respostas de famílias que vivem em Heliópolis, 323 delas afirmaram ter renda mensal de até dois salários mínimos, correspondendo a 63% das famílias. Essa pesquisa trabalha com esses dados especificamente.

Chama a atenção o fato de que às famílias com menor renda têm maior dificuldade em deixar de trabalhar e assim contribuir para um maior isolamento social. 59% das famílias com renda mensal de até dois salários mínimos não estão trabalhando; esse número diminui para 52% ao considerarmos famílias com renda menor de que um salário mínimo. Essa informação é ainda mais preocupante pelo fato de que essas famílias também são as mais impactadas, 80% daquelas que vivem com até dois salários mínimos apontam ter perdido alguma renda. Das famílias que vivem com menos de um salário mínimo, 93% tiveram impacto negativo em sua renda mensal.


“Tive que voltar a morar com minha mãe pra ajudar ela, ela está desempregada e está saindo pra ver se arruma qualquer ajuda para pagar as contas. Não dá pra ficar! O salário do meu padrasto diminuiu, não chega a 800 reais, pagamos 950 reais de aluguel, com as contas chega a 1.100 reais. Realmente está muito difícil, para piorar quando fomos comprar comida tivemos que andar muito, pois os mercados agora estão com preços absurdos” relata Letícia Avelino, 21 anos, moradora de Heliópolis


Ao olharmos esses dados no detalhe, o cenário é ainda mais alarmante. 26% das famílias com renda de até dois salários mínimos afirmam não contar com mais nenhuma renda. 46% famílias com renda inferior a um salário mínimo afirmam estar na mesma situação.

“Estávamos acompanhando a evolução da pandemia do coronavírus em outros países, já com a preocupação de como seria nas periferias brasileiras que já sofrem com má qualidade nos serviços de saúde e saneamento básico. Em Heliópolis temos diversas famílias em situação de vulnerabilidade e já imaginávamos que essas seriam as mais afetadas. A pesquisa confirmou nossa hipótese a também direciona melhor o trabalho da UNAS. A coleta de dados é fundamental para entender quais as demandas e como podemos ajudar famílias que estão passando por maiores dificuldades. Ao mesmo tempo proporciona subsídio para pressionar o poder público para a adoção de medidas que minimizem os impactos sociais e econômicos do coronavírus.” ressalta Reginaldo José Gonçalves, 44 anos, coordenador do Observatório De Olho na Quebrada.


Ou seja, quanto menor a renda maior o impacto social e econômico. Esses dados reforçam que o isolamento social, medida fundamental para que não haja o colapso do nosso sistema único de saúde, só poderá ser efetivo caso sejam adotadas políticas públicas que garantam renda e proteção a essas famílias.

Você pode baixar a pesquisa completa Clicando Aqui

 

O Observatório de Heliópolis “De Olho na Quebrada” é um projeto desenvolvido pela UNAS, com o apoio do Instituto Construção e financiamento da Open Society Foundation.

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