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UNAS Heliópolis

Dia da Visibilidade Trans: Homens trans existem e precisam estar em evidência

Arthur Frias é um homem trans e trabalha na UNAS, sua presença é diariamente um ato de sobrevivência e acima de tudo representa a visibilidade dentro da nossa instituição. 


Ser uma pessoa trans no Brasil é um ato de sobrevivência já que nosso país é o que mais mata essa população diariamente, só em 2023 foram mortas 145 pessoas só porque elas são elas mesmas. Arthur Frias de 24 anos é morador do Jd Climax é um homem trans que integra a equipe do projeto Da Horta para a Mesa aqui da UNAS e durante sua história o movimento LGBT Grito da Diversidade foi crucial para sua transição.


Hoje é possível afirmar que uma pessoa trans nasce trans, mas mesmo assim ainda há muita dificuldade de entendimento da população gerando diversos desafios para quem se identifica assim, Arthur descobriu a nomenclatura trans com 12 anos, mas foi só aos 15 que pode ter contato direto com outras pessoas trans, assim podendo não se enxergar mais como uma aberração,  “Conheci a Geroh (Coordenadora do movimento Grito da diversidade e do Centro de Cidadania LGBTI Edson Néris) e foi aí que descobri que pessoas trans existiam, principalmente os homens, a partir daí comecei a ir atrás da minha transição” disse ele, mas os obstáculos são muitos para a transição e completou ele “é sempre muitos obstáculos mesmo na família, a gente vive numa sociedade que acredita que você nasceu assim e vai ficar assim, mas eu penso se você nasceu com uma orelha grande ou uma pinta diferente você quer se adaptar o mesmo é comigo, eu me adapto para eu ser eu mesmo”.



A transfobia no Brasil tem dados alarmantes e com os homens não diferentes, Arthur nos contou que esse preconceito lhe atravessa desde a adolescência onde tentava bater em seus seios para que eles não crescessem, ainda não se entendia e não poderia imaginar que não tinha nada errado consigo mesmo, posteriormente quando já se identificava como um homem no seu caminho para o trabalho já passou por situações onde cospem no seu pé ou faziam o sinal da cruz ao passar por ele. A transfobia pode vir de diversas formas, sigilosas ou escancaradas, mas é preciso lutar contra isso diariamente. 

Quando falamos de pessoas trans é preciso lembrar que não existem somente mulheres trans e travestis, existem homens trans é preciso mais reconhecimento e trazer estes homens para perto, ser trans não é um processo somente físico e psicológico é também social, durante a transição é possível perceber quem realmente está ao lado apoiando e quem não, quem irá te respeitar e quem não, o isolamento dessa população acaba sendo muitas vezes iminente, principalmente pela quebra de vínculo familiar. “Eu me auto sabotei por muito tempo e na época que comecei minha transição a internet tinha pouca informação sobre esse processo, comecei a ter crises fortes de ansiedade por pensar que por conta da meus problemas com tireóide, mas eu segui e procurei um profissional particular, foi assim que comecei minha transição com 18 anos” Revelou ele.




O processo escolhido por Arthur é o caminho de muitos homens trans, a espera da hormonização pelo SUS é muito demorada e burocrática, além de que nem todos os espaços de saúde estão preparados para cuidar de pessoas LGBTs no geral, ainda há bastante descaso, principalmente com a população T. Hoje há cinco Centros de Cidadania LGBT em São Paulo, um deles, o que cobre as 11 subprefeituras da zona sul da cidade é da UNAS e um dos serviços ofertados é o encaminhamento para a hormonização feita pelo Sistema Único de Saúde. 


Arthur chegou na UNAS muito cedo através de sua mãe que já trabalhou conosco, e frequentou diversas ações e eventos onde pode ver pessoalmente que a instituição agrega e não excluí “Aqui na UNAS é diferente, meu primeiro trabalho aqui foi em 2019 e as pessoas que eu menos esperava estavam ao meu lado, meus companheiros de trabalho me ajudaram muito a me defender, a corrigir pronomes, criando um respeito próprio com minha vida e como os outros me veem, não preciso me colocar como uma pessoa trans o tempo inteiro, sou Arthur e aqui me sinto seguro, eu gosto muito” afirmou ele. 

É preciso abrir as portas para pessoas trans, aqui na UNAS esse processo já se iniciou mas na sociedade é preciso mais afeto, o fato de uma pessoa ser trans não atrapalha na realização de suas funções, não interfere no seu caráter e muito menos na sua força de vontade de viver e sobreviver como qualquer outro ser humano no mundo, é preciso trazer a população T para dentro dos espaços, respeitando sua identificação sempre, e assim possivelmente os preconceitos se findarão. Vamos juntos respeitar e acolher quem mais precisa, pessoas trans não são monstros, são seres humanos como você.