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UNAS celebra Dia da Resistência com literatura, sarau, música e poesia

  • Escrito por Isabela do Carmo | Editor Douglas Cavalcante
  • 1 de abr.
  • 4 min de leitura

O evento, que relembra a importância de não esquecer um dos períodos mais sombrios da história, a Ditadura Militar, aconteceu na Biblioteca Comunitária de Heliópolis


Há 61 anos, em 1964, era instaurado o golpe civil-militar que levou o Brasil a um longo e brutal período de ditadura. Durante 21 anos (1964-1985), o país atravessou uma era de repressão extrema, marcada pela supressão dos direitos constitucionais, assassinato, censura, perseguição implacável, criminalização de adversários políticos e uma repressão violenta contra qualquer forma de oposição ao regime. Nesse contexto, na noite da última segunda-feira (31/03), a UNAS realizou o Sarau Vozes da Resistência, evento em memória desse período, ressaltando a importância de preservar as lembranças da ditadura para que nunca mais situações semelhantes voltem a ocorrer. O evento, que aconteceu na Biblioteca Comunitária de Heliópolis, foi uma oportunidade para refletir sobre o passado e discutir as lições que podem ser aprendidas a partir dessa experiência histórica.

Slammers durante Sarau Vozes da Resistência | Foto: Isabela do Carmo
Slammers durante Sarau Vozes da Resistência | Foto: Isabela do Carmo

A programação contou com um bate-papo com autores, onde foram compartilhadas visões e análises sobre o período da ditadura, além de um sarau cultural, que proporcionou um espaço de expressão artística e literária. O microfone aberto também permitiu que o público participasse ativamente, declamando poesias que abordaram as angústias, esperanças e lutas daqueles que sofreram sob o regime militar. Também participaram Stephanie Matsubara, autora do livro ‘EducAÇÃO’, e Wyanã Cantos Nativos Kariri Xocó, com a venda de artigos indígenas.



Emerson Alcalde, 43, escritor e integrante do Slam da Guilhermina, realizado na zona leste da capital paulista, esteve presente no Sarau Vozes da Resistência da UNAS. Na ocasião, ele falou sobre o livro ‘Diário Bolivariano’, uma obra de ficção escrita após uma experiência imersiva que vivenciou na Venezuela.

Emerson do Slam da Guilhermina apresentando seu livro 'Diário Bolivariano' | Foto: Isabela do Carmo
Emerson do Slam da Guilhermina apresentando seu livro 'Diário Bolivariano' | Foto: Isabela do Carmo

“[O livro retrata] a história de dois jovens periféricos que viajam até a Venezuela. Lá, eles se deparam com a realidade local, se encantam por uma nação culturalmente distinta e se emocionam com as manifestações de reivindicação social da população”, diz. 


O bate-papo sobre o livro, publicado em 2019, teve grande relevância ao revisitar momentos singulares da história da América Latina, uma região marcada por ditaduras, revoluções, golpes de Estado e intensas reivindicações sociais, muitas vezes impulsionadas pela mobilização popular. O autor abordou como essas experiências coletivas moldaram a identidade dos povos latino-americanos, ressaltando as conexões entre os desafios enfrentados no passado e as lutas contemporâneas pela justiça e democracia.


Para Emerson, que também participou do microfone aberto do Sarau Vozes da Resistência, a resistência periférica pode ser observada por meio da literatura descentralizada e é um dos quatro elementos do hip-hop: o rap, que mescla ritmo e poesia.  


"A resistência periférica, vivenciada pelo favelado, se manifesta na poesia falada, que possui uma característica distinta da poesia escrita. A poesia falada é feita para ser ouvida, para ser compartilhada com as pessoas, e não apenas lida. A resistência, nesse contexto, é um meio de reunir pessoas e proporcionar um espaço para trazer questionamentos, reflexões, sentimentos e diferentes visões de mundo”, explica. 



Relembrar para não esquecer


A liberdade conquistada após esse regime, como aponta Maria Lia dos Santos, 55, jornalista e integrante da equipe da Biblioteca Comunitária de Heliópolis, deve ser lembrada com respeito e consciência. “Devemos recordar daqueles que sofreram e daqueles que lutaram, dando forças para que hoje não enfrentemos uma situação tão difícil como a que eles viveram no passado."


Para a jornalista e educadora, a arte e a cultura são formas de emancipar a periferia, conscientizando sua população para que períodos como os vividos entre 1964 e 1985 não se repitam e não voltem a ser nossa realidade. "Hoje, tanto os jovens periféricos quanto os adultos celebram este dia da resistência. Reafirmo que as pessoas têm o direito de se expressar, de mostrar o que sabem, de falar sobre o que estão sentindo. Afinal, há algum tempo, não podíamos fazer isso sem temer as consequências.”


História do evento na UNAS

O Sarau Vozes da Resistência é uma iniciativa que se mantém viva há 11 anos na UNAS, tendo sido originalmente concebida como parte do calendário integrado de atividades do CEU Heliópolis, durante o período em que a organização compunha o conselho gestor. 


Na época de criação, o evento englobava uma série de atividades, como palestras, rodas de conversa e manifestações artísticas. Além disso, a iniciativa proporciona um espaço para que vítimas da ditadura militar pudessem compartilhar suas histórias e relatar suas experiências vividas durante aquele período traumático da história brasileira. Com a transição da gestão da UNAS no CEU Heliópolis, o Sarau Vozes da Resistência não apenas sobreviveu, mas também se fortaleceu, passando a ser desenvolvido na Biblioteca Comunitária de Heliópolis. 


Atualmente, o evento reforça a necessidade de não permitir o esquecimento desse período obscuro da nossa história, de modo que as novas gerações possam entender as consequências da violação dos direitos humanos e a importância de proteger as liberdades conquistadas ao longo do tempo. Pois a preservação da memória histórica é um ato de resistência e de compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e democrática. 



 
 
 

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