IX Seminário Heliópolis, Bairro Educador
IX Seminário Heliópolis, Bairro Educador
"Educação contra a Barbárie"
“desbarbarizar tornou-se a questão mais urgente da educação hoje em dia”.
(Adorno)
A partir da integração entre escola e comunidade, iniciada há duas décadas pela UNAS e a EMEF Pres. Campos Salles, o Bairro Educador de Heliópolis vem se expandindo e se constituindo como um importante centro de desenvolvimento de concepções e práticas pedagógicas inovadoras, que inspiram muitas outras experiências no Brasil e no mundo. Atualmente essa rede articulada envolve também outras escolas, projetos e movimentos sociais, em torno de cinco princípios comuns: tudo passa pela educação, a escola e o projeto como centro de liderança, autonomia, responsabilidade e solidariedade.
O CEU Heliópolis Profª Arlete Persoli é uma construção do movimento social que se fortalece a cada dia neste território. A participação da comunidade na luta pela efetivação dos direitos das pessoas tornou possível a proposição desse espaço ao poder público. O CEU Heliópolis nasceu da luta popular e existe para fortalecê-la.
Tristemente, o IX Seminário Heliópolis Bairro Educador acontece em tempos sombrios, visto que o Brasil vem enfrentando, desde o golpe de Estado aplicado em 2016, um difícil retrocesso político que tem como primeira consequência a perda de direitos da classe trabalhadora. As eleições de 2018, movidas por debates agressivos, que se espalharam pelas redes sociais, expuseram as fragilidades de nossa democracia.
No Brasil de 2019 a violência tem se intensificado nas cidades e no campo - contra os indígenas, contra as mulheres, contra os jovens negros, contras as crianças e adolescentes, contra a comunidade LGBTI+, contra ONGs e contra os movimentos sociais. Os cortes e contingenciamentos financeiros têm desmontado construções históricas nas áreas da saúde, da educação, da cultura, da ciência e da assistência social. Vivemos uma importante crise ambiental, com repercussão global. E o que nós, educadores, temos a ver com isso?
Em tempos de tendências autoritárias que ameaçam nossos direitos mais básicos e nossa liberdade de pensamento e de expressão, nos perguntamos como podemos resgatar e fortalecer o legado libertador, amoroso e ético de Paulo Freire. Precisamos difundir a nossa visão sobre o papel da educação na afirmação da democracia e trazer as pautas dos movimentos populares para o nosso debate, de forma a impedirmos o esvaziamento dos espaços de participação social.
Que o IX Seminário Heliópolis Bairro Educador seja não só um espaço de reflexão, mas especialmente um espaço de resistência à barbárie e de organização da esperança.

Dia 26/09 - Abertura do Evento às 19:00hs - Estrada das Lágrimas, nº 2385
Dia 27/09 - Credenciamento e Café das 08h00 às 09h00
Dia 27/09 - Mesas de Debate e Atividades - das 09h00 às 17hs - Estrada das Lágrimas, nº 2385
ATIVIDADES DO PERÍODO DA MANHÃ (09h00 às 12h00)
Atividade 1: O Sistema Único de Saúde no Brasil de hoje
O Sistema Único de Saúde é um direito do povo brasileiro garantido no artigo 196 da Constituição Federal de 1988. O SUS - indispensável para cerca de 80% da população - encontra-se em séria ameaça de desmonte, assim como outros direitos duramente conquistados pela pressão dos Movimentos Sociais. A Constituição assegura a Saúde como direito de todos, sendo dever do Estado garantir a sua qualidade, de forma integral, igualitária, universal e gratuita (desde um simples atendimento, como a manutenção de vacinas, ao atendimento de alto risco). O SUS é financiado por meio do orçamento da União, Estados e Municípios através dos impostos da própria população. Propomos um debate que reflita a atual crise do SUS, pois entendemos que com o seu desmonte fica evidente a redução do acesso a uma saúde gratuita, bem como os impactos cruéis que serão sofridos pela classe trabalhadora e principalmente pela população mais vulnerável, aumentando e agravando a desigualdade social. Diante de tal conjuntura, como os educadores podem legitimar e fortalecer as lutas populares no campo da saúde?
Debatedores:
Ana Flávia Pires Lucas d' Oliveira - Médica, feminista, da Rede de professoras e pesquisadoras contra a violência de gênero na USP
Viviane Trindade Luz Cruz - Trabalha com políticas sociais que estão a serviço da garantia dos diretos para crianças e adolescentes diante da violação deste direitos.
Manoel Otaviano da Silva - Conselheiro Municipal de Saúde e Diretor da UNAS
Mediação: Arthur Frias - Coordenador do Movimento LGBTI+ O Grito da Diversidade
Jaqueline Teixeira - Coordenadora do Movimento de Mulheres de Heliópolis e região e Conselheira Municipal de Saúde
Local: Auditório da ETEC Heliópolis - 120 Lugares
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Atividade 2: A educação pública em perigo
Ao longo de seus 40 anos de luta, a comunidade organizada elegeu como sua principal bandeira a transformação de Heliópolis em um Bairro Educador. Este movimento se traduz, na prática, pela consolidação dos direitos humanos e sociais. Segundo os princípios do Bairro Educador de Heliópolis, a educação deve contribuir com a organização comunitária e com o controle social, além de qualificar a participação da sociedade civil na construção de políticas públicas de modo que o Brasil possa ter sua democracia fortalecida. Assim, o debate desta mesa se centrará em torno das seguintes questões: em uma trajetória em que o Brasil passou de “pátria educadora” a um país em que “deus está acima de todos”, como ficam as políticas públicas de educação? Quais os impactos de uma possível privatização do ensino? Quais os impactos do atual projeto de formação para o mundo do trabalho proposto pelo MEC, em relação às perspectivas de presente e de futuro das pessoas?
Debatedores:
Genésia Miranda - Liderança Comunitária, fundadora e diretora executiva da UNAS
Ramirez Augusto Lopes Tosta - Coordenador de Políticas para a Juventude da Secretaria Municipal de Direitos Humanos da Cidade de São Paulo
Sônia Kruppa - Foi educadora da Educação Básica em escolas públicas, atualmente é professora doutora da FE-USP. Tem experiência nas áreas de Educação e Trabalho, atuando principalmente nos seguintes temas: Estado, Políticas Públicas e Avaliação, Organismos Multilaterais de Cooperação (Banco Mundial), Educação de Jovens e Adultos e Economia Solidária
Mediação: Coordenação do Movimento Negro e do Movimento de Juventude da UNAS
Local: Cinema - 130 lugares
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Atividade 3: Por que devemos defender a Assistência Social?
Em tempos de crise social, política, econômica e cultural, defender a responsabilidade do Estado pela integridade da Assistência Social é tarefa urgente e necessária. O cumprimento da seguridade dos direitos pelas instâncias de governo expressam, no mínimo, um marco civilizatório da sociedade - conforme a própria Constituição de 1988. Os reflexos da desvalorização do Sistema Único de Assistência Social impactam os