Esperançar em tempos de barbárie é o tema do 11º Seminário Heliópolis Bairro Educador
“É necessário o coração
Em chamas para manter
os sonhos aquecidos.
Acenda fogueiras.”
Sérgio Vaz
Depois de uma década construindo coletivamente seminários que contribuem cada vez mais com a transformação de Heliópolis em um Bairro Educador, como realizar o 11º nesse momento do mundo em que tudo parece estar de cabeça para baixo? De dentro das nossas casas, olhamos para fora e o que encontramos é desalento: negros e negras são sufocados até a morte, florestas e animais são queimados vivos, crianças são tiradas de suas mães por causa de sua religião, o desemprego se espalha, os índices de feminicídio aumentam, o funcionalismo público é atacado, pessoas voltam a passar fome, golpes políticos são dados em equipamentos públicos, os conhecimentos científicos são negligenciados… Fora as mais de 135.000 vidas encerradas por uma política negacionista.... O que pode a educação diante desse quadro desesperador?
Aprendemos com a trajetória de Heliópolis que a história das violências sofridas é também a história das resistências, que as conquistas do Bairro Educador são resultado de nossa força e união, que vale a pena morrer lutando ao invés de viver oprimido. E nos lembramos que somos fortes. E que podemos superar. Com Paulo Freire, aprendemos que isso se chama esperançar: persistir na denúncia das injustiças e de dentro dela, anunciar que a construção de um novo tempo é possível.
O 11º Seminário Heliópolis, Bairro Educador é um convite para que juntos e juntas possamos (re)acender a chama da luta.
PROGRAMAÇÃO
Mesa de Abertura - Live
28/09/2020 (Segunda-feira) às 18h00
Live de abertura do 11ª Seminário, Heliópolis Bairro Educador - “Esperançar em tempos de barbárie”. Venha participar desse momento tão importante para o desenvolvimento da nossa comunidade! Para (re)acender a chama da luta!
Mesa 1: Educação Popular em tempos de pandemia
29/09/2020 (Terça-feira) das 13h30 às 15h30
Frente à imensa desigualdade social evidenciada pela pandemia, a Educação Popular se vê diante de uma crise sistêmica, que fere direitos já fragilizados. Ambientes virtuais e distanciamento escancaram a falta de acesso às redes sociais, impedindo o contato entre educadorxs e educandxs, fundamental para a construção do processo de transformação de ambos e da sociedade.
Nesse cenário, a educação das infâncias, jovens e adultos, formal e não formal, busca através de uma pedagogia crítica e emancipatória caminhos que alimentem o “inédito viável” e desafiem os sujeitos à transformação do mundo.
Essa mesa de debates pretende então discutir: Num cenário de pandemia, como garantir que a prática social, base da Educação Popular, continue produzindo conhecimentos significativos? Como fomentar consciências críticas? Como contribuir para a construção de uma sociedade democrática e justa, impulsionada por processos de transformação social, pautados nos princípios da Educação Popular?
DEBATEDORES(AS):
João Bosco: Marceneiro, ex-metalúrgico e membro da Diretoria Executiva da UNAS.
Paulo Sérgio da Costa Neves: Prof. do Bacharelado de Políticas Públicas e do Programa de Pós-graduação em Ciência Humanas e Sociais da Universidade Federal do ABC.
Jeyjenne Galdino de Albuquerque: Professor de Geografia na EMEF Pres. Campos Salles, atua na rede municipal de ensino desde 2018 e na estadual de ensino desde 2014. Licenciado em Geografia e Pedagogia pela UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL, com extensão em Ensino e Aprendizagem Mediada de Geografia da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária pela FFLCH-USP.
MEDIADORA:
Meire Lima: Professora de Artes e mestre em Artes Visuais, com especialização em Linguagens da Arte e Gestão da Educação Pública. Pesquisadora nas áreas de Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular. Integra a equipe de coordenação do Fórum Paulista de EJA e do Portal Nacional de EJA e membro do Movimento Sol da Paz.
Mesa 2: Direito à educação
30/09/2020 (Quarta-feira) das 13h30 às 15h30
A Constituição Federal do Brasil garante a educação como um direito inalienável de todos e todas, além de um dever do Estado. Essa mesma Constituição prevê também que o ensino seja oferecido de forma gratuita e que os profissionais da educação sejam valorizados. Esses são dois dos elementos materiais fundamentais para que a educação de fato aconteça e, mais do que isso, aconteça com qualidade. Tais condições foram conquistas de educadores e educadoras organizados em movimentos progressistas em torno da defesa de uma educação pública. Uma dessas conquistas por exemplo é o FUNDEB, campo de intensas disputas políticas, mas que foi aprovado pelo congresso nacional. Essa mesa pretende debater: Quais as formas de financiamento da educação básica? Qual o papel dos municípios, estados e federação? Como a sociedade civil organizada vem contribuindo para que a educação seja valorizada e de fato garantida como um direito de todos e todas?
DEBATEDORES(AS):
Atair de Carvalho: Há 31 anos na educação de São Paulo, nas redes estadual e municipal, já trabalhou como coordenador pedagógico e vice-diretor. Desde 2013 atua como diretor de escola na rede estadual de São Paulo e atualmente trabalha como professor de inglês na EMEF Pres. Campos Salles.
Daniel Cara: Cientista político, professor da Faculdade de Educação da USP, uma das principais lideranças da sociedade civil nas área de Educação, Ciência e Tecnologia, sendo responsável por inúmeras vitórias no Congresso Nacional e em fóruns internacionais. Liderou a incidência da sociedade civil em pautas como o FUNDEB, a Lei do Piso do Magistério, a Emenda à Constituição 59/2009, a Lei das Cotas, a Lei dos Royalties do Petróleo e do Pré-Sal para Educação e Saúde e foi o principal líder educacional pelo Plano Nacional de Educação 2014-2024, dirigente da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
Sonia Maria Portella Kruppa: Com bacharelado e licenciatura em Ciências Sociais, graduação em Pedagogia, mestrado e doutorado em Educação pela USP, atua principalmente com os temas: Estado, Políticas Públicas e Avaliação, Organismos Multilaterais de Cooperação (Banco Mundial), Educação de Jovens e Adultos e Economia Solidária. Trabalhou em administrações públicas municipais e federal nas áreas da educação e trabalho. Foi professora da Educação Básica em escolas públicas municipais e estaduais e, atualmente, é Professora Doutora da Faculdade de Educação da USP, onde coordena o Núcleo de Avaliação Institucional, NAI- FEUSP, que mantém em diálogo universidade, escolas públicas e instituições, fomentando ensino, pesquisa e extensão.
MEDIADORA:
Laila Sala: Formada em Licenciatura em Arte - Teatro pela UNESP, especialista em Linguagens da Arte (USP/Maria Antônia) e Alternativas para a Nova Educação (UFPR Litoral), foi coordenadora de Ação Educacional do CEU Heliópolis Profª Arlete Persoli por 7 anos. Atualmente é prof. de arte e membra do Movimento Sol da Paz.
Mesa 3: Educação Antirracista
01/10/2020 (Quinta-feira) das 13h30 às 15h30
A opressão e violência sofridas pelo povo negro, estrutural em nosso país que viveu quase 400 anos sob um regime escravista, vem ganhando visibilidade atualmente. Essa visibilização é resultado da luta dos movimentos sociais negros.
Outra conquista importante dos movimentos sociais, foi a promulgação das leis 10.639/03, e posteriormente a 11.645/08 (que instituem a obrigatoriedade do ensino da história e cultura africana, afro-brasileira e indígena na educação básica). No entanto, observa-se ainda a ausência, ou omissão, da inclusão desses itens nos currículos, além da falta de ampliação dessas discussões com as famílias e comunidade de modo geral, articulados aos movimentos de base.
Nesse sentido, frente às violências e opressões a que ainda estão submetidas a população negra, essa mesa propõe um debate a partir das ideias de racismo estrutural e institucional, com foco nos espaços de educação, escolas e equipamentos sócio educacionais, considerando também as questões sociais, econômicas, culturais e acadêmicas. Protagonizada pelo Movimento Negro UNAS, essa mesa propõe uma conversa a partir das questões: Qual o papel da educação no combate ao racismo? Como promover uma educação que seja de fato inclusiva e multicultural?
DEBATEDORES(AS):
Cleber Santos Vieira: Professor da UNIFESP, Membro do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UNIFESP e Coordenador do CONNEABs – Consórcio Nacional de Núcleos de Estudos Afro-Brasileiro e Grupos Correlatos.
Karoline Aparecida da Silva de Oliveira: Pesquisadora do Projeto Observatório de Heliópolis e membra do Fórum da Juventude Fala Jovem.
Manoel Clemente de Almeida (Manu): Faz parte da coordenação do movimento LGBTI+ da UNAS - O grito da Diversidade.
Regimeire Oliveira Maciel: professora da Universidade Federal do ABC (UFABC); coordenadora do Núcleo de Estudos Africanos e Afro-brasileiros da UFABC (NEAB/UFABC)
Manu Clemente de Almeida: Faz parte da coordenação do movimento LGBTI+ da UNAS - O Grito da Diversidade.
MEDIADORA:
Patrícia Souza: Pedagoga, Professora de Educação Infantil e Membro da Coordenação do Movimento Negro UNAS Heliópolis e Região.
Mesa 4: Caminhos para a construção de um Estado Laico - Qual o papel da Rede de Proteção Social?
02/10/2020 (Sexta-feira) das 13h30 às 15h30
O ECA é uma conquista da sociedade civil organizada e tem um importante papel na garantia dos direitos que asseguram o pleno desenvolvimento das crianças e adolescentes, com apoio do Estado. Além disso, também representa conquista o artigo da Constituição Federal que institui um Estado brasileiro laico, de modo que as religiões não devem ter influência na construção e, principalmente, na implementação das políticas públicas.
No entanto, apesar dessas conquistas, o que vem se observando atualmente no Brasil é um retrocesso em relação à garantia desses direitos, de modo que o Estado, principalmente seus representantes, vêm usando de justificativas religiosas para tolher as liberdades e, assim, o pleno desenvolvimento de todos e todas, como assegurado pelas leis brasileiras. Nesse sentido, essa mesa pretende realizar um debate em torno das seguintes questões: Qual o papel da escola pública e dos equipamentos socioeducacionais na constituição desse Estado laico? Como se dá sua articulação com os movimentos sociais que debatem e atuam nessa frente? Como as pessoas que trabalham em instituições públicas devem agir para, de fato, resguardar o direito ao pleno desenvolvimento das crianças e adolescentes? Qual a importância da constituição de redes para a garantia dos direitos das crianças e adolescentes?
DEBATEDORES(AS):
Iyá Pietra: mãe de santo, mãe, defensora do Estado laico
Márcia Bonifácio: Professora de Matemática da RME, especialista em Educação Inclusiva e atualmente, Coordenadora do NAAPA (Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem) da SMESP
Renato Simões: filósofo - militante dos Direitos Humanos, coordenador geral da ACAT Brasil - Ação dos Cristãos para a Abolição da Tortura
MEDIADORA:
Cláudia Cruz Soares: Formada em Pedagogia, Educadora Popular, Formadora em Comunidade de Aprendizagem, pesquisadora colaboradora do Laboratório de Justiça Territorial (LABJUTA/ UFABC)
Realização: UNAS Heliópolis e Região
Apoio: ActionAid Brasil, MoANE - Movimento de Alternativas para uma Nova Educação e Jornalistas Livres
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